É hora da ocupação registrar e disseminar sua teoria: a teoria da festa
Depois de mais de um mês de ocupação da reitoria da USP – importante símbolo institucional das “inteligências” subordinadas nas periferias mundiais – chegou o momento do início de outra etapa na ocupação: a “ocupação”, ou “invasão”, da produção de conhecimento pelo registro e disseminação das teorias que já se constroem nas mentes de cada vivente desta festa livre.
A primeira proibição fundamental na ordem do tédio burocrático foi transgredida pela aglomeração de indivíduos num espaço livre, descontrolado por qualquer burocracia, seja o Estado, as autoridades estatutárias da universidade, ou as enfadonhas organizações partidárias. Esta transgressão, naturalmente, já produziu o que justamente é a razão da proibição, ou seja, o arejamento das mentes, o enriquecimento dos pensamentos e o início do conhecimento não vigiado por poderes centralizados. Aqui não se é assombrado pelos pensadores da fraseologia do conhecimento escolar, ou policiado pelos sargentos da epistemologia do ressentimento – a maioria de nossos mestres. Aqui também ocorrem apropriações de conhecimentos acadêmicos existentes, porém em função de uma prática teórica que é fundamentalmente produto da experiência da vida livre de cada participante e existe como necessidade de ação sobre a expansão da mesma intensidade de vida.
Mas o que querem realmente os ocupantes da reitoria? Seria a manifestação reacionária pela manutenção de uma ordem escolar obsoleta de um estágio anterior da organização estatal? Certamente que não. Os produtores dessa rave querem simplesmente a permanência da festa a qual vivem neste momento. Isto porque a liberdade das mentes, produzida no interior da própria aglomeração, faz com que se perceba o óbvio: a vida sob a cultura da valorização do sacrifício, das oito horas diárias de trabalho maçante, da eterna esperança infantil do dinheiro abundante, da velhice depois de uma medíocre sobrevivência de classe média é o destino certo de cada ocupante após o término de sua festa. Os ocupantes querem que a festa revolucionária dure para sempre, mas para isso sabem que é preciso fazer com que se expanda para fora.
O registro da riqueza intelectual produzida na festa e a disseminação desse registro pelas várias vias possíveis de comunicação é a próxima etapa da rave. O espaço construído pelo capitalismo em função de seu processo de expansão, também é o espaço que está produzindo aqui a sua superação. E a tecnologia disponível para disseminar informações precisa ser usada de modo inventivo e dinâmico. A criatividade e a versatilidade na disseminação da festa será definitiva para sua permanência. A teoria eficaz está ainda para ser inventada, assim como sua comunicação eficaz e sua arte. Enfim, este é o momento dos ocupantes começarem escrever textos, inventarem sua própria arte e disseminarem seus pensamentos.
Rass Fischer, 11/06/2007.
Poesia evasiva, de caráter burguês e flácido. Para quem pode viver em uma Rave sem trabalhar, para quem não se preocupa com os filhos em casa… para quem tem pai e mãe!
Infelizmente, não são todos os brasileiros que podem viver no movimento.
O movimento tem que ter um objetivo, ou perde-se, e isso é o que parece. Triste.
Todo apoio a ocupação!
Nenhum apoio aos acampamentos!
O departamento de música está prestes a sair da greve, mesmo sem motivos convincentes ou para isso e eu me vejo na possibilidade de voltar a rotina tendo aprendido algo, mais ainda não vivendo a festa, ainda não tendo-a expandido para dentro de mim. “este é o momento dos ocupantes começarem escrever textos, inventarem sua própria arte e disseminarem seus pensamentos” para disseminar e manter a fervor revolucionário, até que de fato faça-se a revolução, ou melhor, até espandir a festa.