Quais danos são causados para as FATECS? E outras ponderações do Centro Acadêmico Rocha Lima – Medicina Ribeirão

Autonomia Universitária

O "Rocha Lima" pensa que a natureza do trabalho social que existe na Universidade é a produção intelectual. Para esta existir é necessário que exista compreenssão entre os produtores deste tipo de conhecimento, ou seja, docentes, discentes e funcionários. Entendemos por compreenssão a capacidade de um indivíduo defender um dado ponto de vista mesmo que contrário a ele. Para que a compreenssão seja possível, pensamos que três pontos devem ser respeitados:

-Rigor: É ter clareza do que se sabe, do que não se sabe, do porquê não se sabe. Esta clarificação permite traçar estratégias na busca daquilo que não se sabe.

-Recusa da autoridade: As ações devem ser construídas nas instâncias coletivas, repeitando-se suas deliberações. Somente com amplo debate constituído por diferentes visões de mundo pode-se construir hipóteses abstratas que mais se aproximem da realidade concreta.

-Emancipação: Seria a tentativa de expressar uma realidade compreensível, através da clarificação de experiências e da crítica ao senso comum.

Ao respeito destes três princípios damos o nome de AUTONOMIA. E quando um destes princípios são apropriados, tem-se a aparelhação ideológica da Universidade, impedindo-se a produção de conhecimento científico. Entendemos que na atual conjuntura, um grave ataque à autonomia ocorre nas Universidades Públicas Estaduais de SP, através dos Decretos do Governo José Serra (PSDB).
Eles refltem uma visão fragmentada e equivocada de Educação e de Produção Científica, dividindo a responsabilidade pelos níveis de ensino em diferentes Secretarias. Um exemplo claro desta situação é a reorganização da Secretaria de Ciência e Tecnologia em Secretaria do Desenvolvimento, vinculando a esta a CEETPS e a FAPESP. Fala-se ali em "promover ações voltadas para o desenvolvimento, qualificação e expansão do ensino profissional em todos os seus níveis, bem como a pesquisa científica e tecnológica, sob a ótica do desenvolvimento econômico sustentável e dainclusão social". Ao se ignorar que o CEETPS promove ensino superior, e ao realocá-lo para uma secretaria com os propósitos acima citados, pensa-se numa formação restrita ao adestramento profissional, voltada pura e simplesmente para a lógica de mercado. A expansão do Ensino Público se dará para manter e não questionar o status quo vigente. Ao se realocar a FAPESP para a Secretaria de Desenvolvimento,  e criar a Secretaria de Ensino Superior, vinculando a esta as Universidades Públicas Estaduais e atribuindo-lhe como campo funcional a pesquisa operacional, pensa-se na omissão da pesquisa básica e da pesquisa aplicada. Ciência operacional é criação de adaptação tecnológica. Basta observarmos os dois últimos convênios para o desenvolvimento de "pesquisa" que a FAPESP assinou com as empresas Telefônica e Microsoft, cedendo metade do valor inicial de
investimento em ambos projetos. Será que a empresa de Bill Gates necessita de nosso dinheiro público para criar adaptação tecnológica? Será que sobrará dinheiro para a necessária expansão das bolsas de iniciação científica? Será que projetos de pesquisa básica terão financiamento?
Outra questão preocupante é a distorção que a grande mídia faz do movimento contrário aos Decretos ao dizer que "somos contrários à transparência da Universidade frente à sociedade". Não somos contrários à prestação de contas, já que sabemos que há muitos anos as Universidades Públicas Estaduais enviam suas transações ao SIAFEM/SP. A questão que se coloca em pauta é o fato de que a verba destinada às Universidades passa a ficar alocada junto à Conta Única do Tesouro, gerida por órgãos executivos. A perda da autonomia financeira viculará as Universidades aos projetos
partidários dos Governos que se sucedem, tão presente em nossa História Republicana, em que não existe um projeto de Nação Soberana. A ocupação da Reitoria da USP sinaliza um ascenso no processo de mobização, que não deve se encerrar aqui. Temos a convicção de que este é um dos mais violentos ataques às Universidades Públicas. O posicionamento diante da conjuntura e a reflexão histórica são fundamentais. No campus de Ribeirão Preto da USP, os Centros Acadêmicos estão se articulando através de reuniões quinzenais, sugeridas pelo "Rocha Lima" em conjunto com o Centro Acadêmico da Filosfia. Lutamos e lutaremos conta os Decretos; por políticas Efetivas
de Permanência Estudantil; pela não punição e pela solução pacífica dos Ocupantes e da Ocupação, respectivamente; pela Democratização da Universidade. Afirmamos, por isso, que estamos prontos, como movimento estudantil, mais uma vez, para a Defesa da Uiversidade Pública, Gratutita e
de Qualidade.

Emerson Rafael Lopes
Vice Presidente do CARL

 
OBS: grifo da Comissão de Comunicação e Imprensa da Reitoria Ocupada 
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