Autonomia universitária: o jardim em risco

OSWALDO BAPTISTA DUARTE FILHO


Em relação à autonomia universitária, algumas flores certamente já foram arrancadas. Mas ainda temos nossa voz


DATAM DE no mínimo 20 anos atrás as lutas no Brasil pela concretização da autonomia universitária.
A
Constituição brasileira institui, no artigo 207, que as universidades
gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão
financeira e patrimonial. Sucessivos governos têm afirmado a
necessidade de regulamentação desse artigo e, nessa espera, o que tem
acontecido de fato é a redução da pouca autonomia da qual um dia talvez
tenhamos gozado.
A autonomia é prerrogativa intrínseca à
instituição universitária em qualquer lugar do mundo, assim como um
instrumento fundamental de gestão, sem o qual as universidades correm o
risco de se tornar inviáveis.
As universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e
Unicamp) são referência no Brasil quando se trata de autonomia. Desde
1989, elas conquistaram uma experiência de gestão autônoma que baliza,
inclusive, todo o sistema federal de ensino superior nos debates sobre
o tema.
No
entanto, embora tenha trazido resultados importantes, nem mesmo a
autonomia dessas instituições está garantida, uma vez que depende de
decretos e, portanto, do jugo de diferentes governantes.
No
contexto das instituições federais de ensino superior (Ifes), a
autonomia é ainda mais urgente e complexa. Essas instituições compõem
um sistema com papel estruturante na integração e desenvolvimento do
país, por meio, principalmente, da formação de profissionais altamente
qualificados e da produção de conhecimento científico socialmente
relevante e com altíssima qualidade acadêmica. Tais atividades têm
acontecido apesar do convívio das Ifes, em passado recente, com a
redução de seus recursos humanos e financeiros.
Essa atuação se dá também em um
cenário de regressão da autonomia. Se nunca tivemos autonomia de fato,
ao longo dos anos fomos perdendo as poucas ferramentas eficazes de
gestão das quais um dia gozamos.
Até 1995, as Ifes dispunham de
alguma flexibilidade na contratação de recursos humanos, podendo repor
automaticamente vagas liberadas por demissão, aposentadoria ou morte de
servidores. Desde então, isso não é mais possível. A inclusão das Ifes
no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo
Federal), em 1988, representou um dos principais obstáculos ao
exercício de uma administração autônoma.
Atualmente, essas
instituições precisam pedir autorização ao governo federal para o
cumprimento de suas obrigações mais elementares, como o pagamento de
suas contas de água e energia elétrica. Além disso, não podem fazer
nenhuma alteração nas rubricas às quais o recurso é destinado.
A
autonomia que defendemos certamente é marcada por transparência e
responsabilidade, o que significa não questionar o dever de prestarmos
contas de nossas ações -autonomia não é sinônimo de soberania.
No
entanto, essa transparência não deve estar identificada com o controle
burocrático e deletério do dia-a-dia das Ifes, e sim com políticas mais
abrangentes para o ensino superior público brasileiro.
Embora
existentes, as iniciativas atuais do governo federal nesse sentido
ainda são extremamente tímidas. Tem sido árdua a reconquista da pouca
autonomia que um dia tivemos.
A Andifes (Associação Nacional dos
Dirigentes das Ifes) vem propondo, ao longo desses anos, uma série de
projetos que viabilizariam a autonomia, por meio da Lei Orgânica das
Universidades Públicas Federais e de outras medidas aparentemente
simples, como a remoção dos incontáveis decretos, normas e portarias
que, na prática, aniquilam qualquer possibilidade de gestão autônoma.
Entretanto, o que vemos foi, por exemplo,
a retirada na versão final do projeto de reforma universitária de todos os pontos sugeridos pelas Ifes em relação à autonomia.
O
poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa alerta: "Primeiro, eles vêm à
noite, com passo furtivo, arrancam uma flor e não dizemos nada. (…)
Até que um dia o mais débil dentre eles entra sozinho em nossa casa,
rouba nossa luz, arranca a voz de nossa garganta e já não podemos dizer
nada".
Em relação à autonomia universitária, algumas flores
certamente já foram arrancadas. Mas ainda temos nossa voz, e com ela é
urgente que toda a comunidade universitária levante a bandeira da
autonomia. Com responsabilidade e zelo pelo patrimônio público, é
preciso garantir a continuidade e a expansão do ensino superior
público, gratuito e de qualidade em nosso país. Há ainda muito por
dizer, e mais ainda por fazer.


OSWALDO
BAPTISTA DUARTE FILHO é reitor da UFSCar (Universidade Federal de São
Carlos) e presidente da e atual presidente da comissão de autonomia da
Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais
de Ensino Superior). Foi presidente da Andifes

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[DESOCUPAMOS APENAS A REITORIA!] AMANHÃ VAI SER MAIOR: É SÓ O COMEÇO!

Tecendo a manhã

João Cabral de Melo Neto
 

Um galo sozinho não
tece uma manhã:
ele precisará
sempre de outros galos.
De um que apanhe
esse grito que ele
e o lance a outro;
de um outro galo
que apanhe o grito
de um galo antes
e o lance a outro;
e de outros galos
que com muitos
outros galos se cruzem
os fios de sol de
seus gritos de galo,
para que a manhã,
desde uma teia tênue,
se vá tecendo,
entre todos os galos.

E se encorpando em
tela, entre todos,

se erguendo tenda,
onde entrem todos,

se entretendendo
para todos, no toldo

(a manhã) que plana
livre de armação.

A manhã, toldo de
um tecido tão aéreo

que, tecido, se
eleva por si: luz balão.
 

[In: Educação pela pedra]

 

Estudantes em movimento!

Nossa força só é forte porque junta
uniu [ela sim!] numa reAÇÃO em cadeia Brasil adentro
a todo
a crítica, a arte, a poesia
de viver
uni-verso: "no universo da cultura, o centro está em toda parte"
no novo horizonte, horizontalidade
retomar da língua, do poder da torre
a política
que se cria, se transforma
muta numa coisa nova
ainda em formação
processo de fazer-se fazendo
e ser sendo..

[resta completar o poema]

 

"Não almejar nem os que passaram nem os que virão. Importa ser de seu próprio tempo"
Karl Jasper 

 

Aos
ocupantes de todas as partes: Mandaremos o mais rápido contatos da
mídia, do MP, dos Direitos Humanos e dos humanos em formação em
completo movimento!

estudantes.em.movimento@gmail.com

 

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USP: um movimento vitorioso

Emir Sader – Carta Maior

leia no site

A greve e invasão da Reitoria da USP chega a seu final com vitória dos
estudantes, funcionários e professores mobilizados pelos interesses
públicos da universidade. Fazia tempo que um movimento dessa ordem não
conseguia tanta adesão – das três categorias -, tanta repercussão
política, tanta simpatia da população e, como resultado, uma vitória
tão clara.

Seus participantes diretos estão de parabéns, deram
uma lição de mobilização popular, de espírito de defesa da universidade
pública, de criatividade de métodos de ação e de capacidade de
negociação política – intermediados pela excelente comissão de
professores que serviram como facilitadores. A USP, seus professores,
estudantes, funcionários, tem que sair muito contentes e incentivados a
seguir na organização e na luta pelo fortalecimento do caráter público
da USP.

Grande parte das reivindicações internas à USP foram
conseguidas, foi freado o projeto do governador de São Paulo para
violar mais ainda a autonomia universitária, foi impedida a intervenção
militar preparada pelo governo tucano no campus da universidade, foi
chamada a atenção sobre a situação da USP e ficou claro que há força
entre os estudantes, professores e funcionários, para defender os
interesses da universidade. O que não é pouco em tempos de grandes
desmobilização – em particular da juventude -, de ataques sistemáticos
às universidades públicas – veja a violenta ação da polícia em
Araraquara -, de ideologia da privatização do ensino, de mídia que
desqualifica tudo o que é público, de desvalorização das mobilizações e
das lutas de massa diretas.

O ódio concentrado da direita e de
seus porta-vozes, a ação totalitária da mídia contra a mobilização
servem para confirmar como ela tocou em um ponto sensível do
neoliberalismo – a autonomia das universidades públicas – e como
incomoda ao coro uniforme dos papagaios bushistas na imprensa
oligárquica. Saem derrotados, uma vez mais.

É assim que se
combate ao neoliberalismo. Com um Congresso como o do MST, em Brasilia,
com 18 mil participantes fazendo um balanço sério e profundo das lutas
pela reforma agrária e elaborando novo plano político e de massas para
dar seguimento a suas lutas –que são as de todo o Brasil – e com
mobilizações como a de 50 dias na USP. A ação desinformadora da mídia
oligopólica, o enfoque redutivo nos escândalos no Congresso, a
desqualificação de tudo o que não seja neoliberal – saem derrotados
dessas mobilizações. Querem demonstrar que as lutas não valem a pena,
que estão derrotados de antemão, que não há força contra o poder do
dinheiro e o do monopólio da palavra que pretendem exercer.

Quando as lutas unificam, fortalecem a confiança em todos de que
governos prepotentes como o de São Paulo podem ser derrotados, que as
mobilizações populares previsam ser revigoradas, com uma nova
plataforma anti-neoliberal, que articule reivindicações dos mais amplos
setores sociais, que concentre seus esforços na ruptura do modelo
predominante e proponha não apenas objetivos, mas meios pelos quais
chegar até eles.

O pós-neoliberalismo terá no fortalecimento da
esfera pública um eixo fundamental de reorganização do Estado e de sua
relação com a sociedade no seu conjunto. Nessa direção, a vitoriosa
luta dos estudantes, funcionários e professores da USP pode ser um
passo na construção da força social e política do movimento popular
brasileiro.

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Depois de 2 dias sem notícias no BLOG…

Muita coisa aconteceu.

Na assembléia de quinta-feira foi apresentada e aceita uma carta redigida por alguns professores que foi aceita pela reitoria.

confira a carta termo de compromisso

Claro que ficou condicionada a aceitação pelo SINTUSP de outro documento que também foi aceito pelos funcionários.

No dia da desocupação fizemos uma verdadeira faxina, LIMPAMOS A IMPRENSA VENDIDA DA NOSSA SOLA, foi dificil mas conseguimos, na saída, alguns repórteres tentaram forçar a entrada na ocupação e foram recebidos com jatos de água. e sabão  Saímos unidos e com cabeça erguida, vitoriosos! (em parte)

Depois de 51 dias de ocupação do bloco K e L do CRUSP (vulga sede atual da reitoria), agora estamos do lado de fora. Mas a luta não terminou, apenas começa, e não é só nossa. Continua dentro das salas de aula da nossa USP e vão além…

O movimento estudantil mudou, e luta, em conjunto. O movimento estudantil não é mais estudantil: é popular, é operário, é humorístico, é intelectual… enfim, é de todos. Com nova cara e muito gás neste sábado as coisas não voltaram ao normal, estão no seu mais puro processo de mudança. Cabe a todos participar desta mudança para transformarmos o conhecimento em algo acessivel a todos.

A LUTA CONTINUA…

… E HOJE AINDA VAI SER MAIOR

* porque o amanhã já é hoje!

____________________________________________________________

Próxima assembléia geral dos estudantes da USP
Terça-Feira – 26 de junho

Próxima assembléia unificada dos 3 setores da USP
Quarta-Feira – 27 de junho

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Nota de Repúdio do Fórum da Seis

*Nota de Repúdio*

O Fórum das Seis, que congrega as entidades representativas de docentes,
funcionários técnico-administrativos e estudantes das universidades
estaduais paulistas e do Centro Paula Souza, manifesta veemente repúdio
à utilização de expedientes policiais como foi o caso perpetrado contra
os estudantes no campus da Unesp de Araraquara na madrugada de 20/06/2007.

A defesa da autonomia das universidades estaduais paulistas se faz com
base na construção de estratégias de resolução dos seus conflitos
internos por meio do diálogo e da negociação entre as partes, o que
implica a compreensão de que as reivindicações dos setores que a compõem
se inserem numa perspectiva histórica, que deve ser devidamente
contextualizada, de modo que as questões postas sejam passíveis de
superação.

A utilização de força policial, na tentativa de resolver conflitos
instalados, ataca a autonomia universitária e coloca sob a tutela da
Secretaria da Justiça e da Segurança Pública a resolução de problemas
internos à universidade. Ao contrário, a adoção dessa postura contribui
para a configuração efetiva de um impasse que não interessa à sociedade.

Tal impasse só poderá ser rompido com a retomada das negociações. A
negociação é uma prerrogativa da autonomia universitária e o uso de
força ou de qualquer forma de punição aos que lutam por uma universidade
pública, gratuita, autônoma e democrática é inadmissível.

*São Paulo, 21 de junho de 2007.*

   FÓRUM DAS SEIS ENTIDADES

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Carta aberta de professores da USP

 

Carta aberta de professores da USP

Em repúdio à ação policial de desocupação do prédio da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Unesp de Araraquara, na madrugada desta quarta-feira, dia 20 de junho, e frente às ameaças de criminalização do movimento estudantil da Unicamp e da USP, nós,
professores universitários abaixo-assinados, viemos a público expressar nossa mais profunda indignação contra atos desta natureza. Estamos convencidos de que, apesar de todas as dificuldades, a negociação é o único caminho para uma solução permanente dos conflitos já instalados, sendo a presença policial nos campi um meio de acirramento das cisões no seio da comunidade acadêmica, interessando apenas àqueles que visam ao enfraquecimento e à dissolução dessas universidades. Portanto, manifestamos aqui nosso veemente repúdio a qualquer tipo de punição que recaia sobre aqueles que estão mobilizados em defesa da Universidade pública.

São Paulo, 21 de junho de 2007.

Se você, professor, concorda com o texto acima, envie e-mail com seu
nome completo e unidade para rkoba@uol.com.br

Adma F. Muhama (FFLCH-DLCV)
Adrián Pablo Fonjul (FFLCH-DLM)
Cecilia Casini (FFLCH-DLM)
Cilaine Alves Cunha (FFLCH-DLCV)
Edu Teruki Otsuka (FFLCH-DTLLC)
Hélder Garmes (FFLCH-DLCV)
Larissa Mies Bombardi (FFLCH-Geografia)
Léa Francesconi (FFLCH-Geografia)
Leon Kossovitch (FFLCH-Filosofia)
Manoel Fernandes de Sousa Neto (FFLCH-Geografia)
Marcos Piason Natali  (FFLCH-DTLLC)
María Teresa Celada (FFLCH-DLM)
Maria Zulma M. Kolikowski (FFLCH-DLM)
Mayra Laudanna (IEB-USP)
Ricardo Musse (FFLCH-Sociologia)
Roberto Zular (FFLCH-DTLLC)
Sandra Guardini T. Vasconcelos (FFLCH-DLM)

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NAS UNIVERSIDADES REPRESSÃO, NO CONGRESSO SÓ LADRÃO!

 

Hoje aqui na USP, cerca
de 300 estudantes e funcionários organizaram uma passeata em
solidariedade aos estudantes da UNESP presos pela tropa de choque há
dois dias. Em plenária a maioria decidiu que a manifestação
seguiria pelo entorno da USP, voltando em seguida para o prédio
da História onde professores realizavam outro ato contra a
repressão aos estudantes da UNESP. Nossa surpresa foi que
ainda dentro da USP, antes da rotatória do Portão 1,
cerca de 30 PMs da tática fechavam a rua, impedindo nossa
passagem. Contra os escudos, a manifestação seguiu
empunhando uma faixa com os seguintes dizeres: USP – UNESP –
UNICAMP: FORA PM! Frente à absurda situação de
impedir que os estudantes e funcionários saíssem da
USP, a tropa abriu caminho para nossa passagem. A manifestação
seguiu pela Alvarenga, Vital Brasil e depois voltou para a USP.
Quando passávamos em frente à rotatória do CEPÊ
(centro de práticas esportivas), novamente a PM apareceu,
dessa vez, em duas viaturas e várias motos. Quando percebemos
a PM, a manifestação parou e, em coro, exigimos que a
PM saísse do campus. Eles responderam com gás pimenta e
ameaçando jogar as viaturas e as motos sobre os manifestantes.
Mas os manifestantes resistiram e uma a uma as motos foram recuando
sob duras vaias. Após mais esse tumulto causado pela PM, a
manifestação seguiu pacificamente.

O propósito
dessa manifestação era denunciar o avanço da
repressão nas universidades, em especial, a ação
da PM na desocupação da diretoria da UNESP de
Araraquara. Por duas vezes, dentro do campus, a PM impediu que a
manifestação seguisse; primeiro de sair e depois de
voltar! Será essa a nova forma de negociação da
Reitora? Quem chamou e quem permitiu que a PM entrasse com motos,
cacetetes, escudos e gás pimenta no campus para calar
estudantes e funcionários? Sob que pretexto? Causar um embate
e vilanizar o nosso direito de livre manifestação?

Força à
luta dos estudantes de todo o Brasil!

Solidariedade aos
ocupantes da UNESP!

Não à
repressão!

 

 

 

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Il Pleut Sur L’Université

Il Pleut Sur
L’Université


 


Hoje é um dia cinza e triste, Il
pleut sur  L’Université
!

Na calada da noite, sem testemunhas, no mais puro estilo autocrático
digno dos tempos da ditadura, a força tática e a tropa de choque da polícia
militar, com a conivência presente do diretor da Faculdade de Ciências e
Letras da Unesp/Ar., Cláudio Gomide, executaram a reintegração de posse
do prédio da diretoria do Campus de Araraquara. 

Contra a truculência, as armas e o aparato repressivo da polícia de
choque, o olhar digno dos rostos dos estudantes que bravamente defenderam e
continuam a defender a Universidade pública gratuita e de qualidade.
Contra a proposta de diálogo, os cassetetes. Contra os
argumentos dos estudantes, a prisão e o 
4° Distrito Policial !

Este fato demarca águas e campos na história das Universidades
Estaduais Paulistas. Nunca, nem mesmo nos tempos mais duros dos anos de
chumbo, uma autoridade acadêmica utilizou-se da força policial contra
reivindicações estudantis. Particularmente na Unesp, onde vemos uma crescente
“criminalização” do movimento estudantil, onde o diálogo e a tolerância
democrática vem sendo substituídos por punições, expulsões e agora, em seu
clímax, a Tropa de Choque no Campus!

Mais que inaceitável, tal ignomínia não somente assinala o caráter de
um governo que se empenha desesperadamente em cumprir acordos inconfessáveis
de privatização do ensino superior paulista como ― e o que se constitui no
ponto de maior gravidade ―, aponta para a cooptação e a adesão por parte de um
segmento dos professores à política de desmonte da Universidade pública.

Há todo um contexto nessa ação despropositada perpetrada no Campus da
Unesp de Araraquara. É o início da fase repressiva do governo estadual para
com os movimentos estudantis e dos funcionários do serviço público.
Especialmente das Universidades, onde se encontram os núcleos de
resistência mais conseqüentes. A construção de uma base política de Serra
nas Universidades públicas é parte significativa para a “legitimação” da
repressão e do desmonte. O apoio da mídia ― que vocifera diariamente contra as
“badernas” estudantís ― e a aceitação irresponsável por parte dos reitores das
“explicações” esfarrapadas do sr. governador constituem um aríete importante
da ofensiva privativista sem precedentes do governo José Serra, contra as
Universidades públicas do Estado de São Paulo.    

Frente a isso, e aos novos acontecimentos, emblematizados na ação
repressiva de Araraquara, não podemos vacilar e tampouco tergirversar. As ADs
das Universidades públicas paulistas e o Fórum das Seis devem se pronunciar
repudiando duramente essa ação autocrática e lesa-Universidade contra os
estudantes. Mais do que isso, devemos discutir em nossas assembléias o que
fazer diante de tal truculência e insanidade. Como educadores temos a
obrigação de refletir com profundidade sobre o significado desse ato. Agora,
“dialogam” com a tropa de choque contra os estudantes, depois, serão as
punições institucionais contra professores e funcionários que se atreverem a
questionar as atitudes da burocracia acadêmica e do governo de São Paulo. Na
próxima greve a interlocução “acadêmica” poderá ser realizada com a polícia de
choque e no distrito policial.

É na continuidade do nosso movimento que devemos responder a um ato que
inicia a nova fase de “diálogos” de Serra com a Universidade pública: a do
prendo e arrebento. Calados, seremos coniventes. Mobilizados
manteremos nossa luta contra o desmonte e a privatização das Universidades
Estaduais Paulistas.

Com a palavra, o movimento!       


 


Antonio Carlos Mazzeo

Prof. Adjunto do Departamento de Ciências Políticas e
Econômicas

Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp/Marilia
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Reabertura das Negociações!

  
Ao não receber os “estudantes ocupados” da USP a reitora esta
dispensando a eles tratamento igual ao que se dá a terroristas e
bandidos que exigem dinheiro em troca de reféns. O que se pretende
ignorar é o óbvio: eles só estão lutando por uma universidade  autônoma
e livre das investidas do mercado e da lógica do poder político –
suficientemente desmoralizado neste país. Infelizmente jornalistas que
pretendem saber alguma coisa, produzem análises irresponsáveis sobre o
trabalho desenvolvido na universidade. Enquanto isso, alguns
professores (dentro de suas confortáveis bibliotecas e não do lado das
barricadas), resolvem dispor de seu espaço priviliegiado na mídia, para
trocar a luta pela universidade – portanto por uma sociedade melhor –
pela defesa do governo Serra. Abdicam assim de prestar um serviço à
sociedade à qual pertence a universidade e com a qual todos devem estar
compromissados.

  
Ana Fani Alessandri Carlos. Professora Titular – FFLCH.

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Negociações com a Reitoria a USP

Esclarecimentos Comissão de
Negociação ao longo desta semana

Na
Assembléia geral dos estudantes da USP realizada no dia 12/06
foi deliberada a retomada de negociação com a Reitoria,
apresentado-se contra-proposta estruturada sobre 5 condicionantes
para uma possível desocupação, ou seja ,
aprovados esses condicionantes seria marcada uma nova assembléia
geral onde se apresentaria a carta contendo os condicionantes
aprovados, desta forma a assembléia teria condições
para decidir o rumo da ocupação.

Porém
os fatos não ocorreram como o esperado.


Obedecendo a deliberação da
assembléia a retomada das negociações com a
reitoria foi solicitada através de uma carta redigida pela
comissão de negociação e protocolada pelo chefe
de gabinete da reitoria , professor Alberto Carlos Amadio no dia 18/06.

Na
carta foi socilitada a reabertura da negociação com os
ocupantes da reitoria, foram citados os condicionantes vinculados ao
indicativo de desocupação e sugerido uma reunião
com a reitora no dia seguinte Terça-feira(19/06) na qual alguns
professores se fariam presentes.

A
reitoria confirmou a reunião de terça-feira porém
como condicionante desta reunião seria necessária uma
pré- reunião as 10:00 com dois professores escolhidos
por ela.

A
reitora usou o argumento de que as
últimas negociações teriam se estendido por
muito tempo , fazendo-se necessária uma pré-reunião
para que fossem discutidos e negociados os itens condicionantes.
Nesta reunião chegou-se a um acordo mútuo e,
posteriormente um documento resultante da
negociação foi elaborado pelos advogados da ocupação.

Porém
ao término da reunião das 10:00 fomos informados que a
reitora tomara a iniciativa de anular a reunião das 16:00 .


Uma nova reunião quarta-feira às 10:00 foi
marcada pela reitora, e o formato desta não fora aprovado no
comando de greve unificado. Segundo este formato dois representantes
dos alunos, dois representantes dos funcionários e dois
professores iriam se reunir para redigir o documento contendo as
reivindicações. Em assembléia foi decidido que
iríamos a esta reunião porém o formato dela seria a
nossos moldes: levaríamos um documento pronto (o mesmo que já tinha sido redigido pelos
advogados na noite anterior) e estariam presentes trinta membros da
comissão de negociação. Na manhã de
quarta-feira fomos informados do cancelamento desta reunião pela reitora.
Em reunião da comissão de negociação foi
decidido que o texto seria entregue aos professores naquela mesma
manhã.

Como
pode-se notar tivemos ao longo desta semana duas reuniões
travadas pela reitora.


É
nítido o interesse por parte dos alunos da continuidade das
negociações, nos últimos dias nos empenhamos no
esforço conjunto de construção de uma solução
definitiva, tendo em vista que as decisões tomadas nas
negociações estão vinculadas a um indicativo de
negociação e nós nos fazemos conhecedores da
importancia deste momento.

O
cancelamento das reuniões marcadas pela
própria reitora estão dificultando as negociações
e pelo que nos parece a reitora ainda não está disposta
a negociar neste momento, o que é muito importante.

Os
professores da USP já entenderam o recado de importancia e
estão se demonstrando interessados em negociar.

Eles se dispuseram a entrar em contato conosco para fazer com que as
decisões da reitoria chegue até nós. Dentre eles
Chico de Oliveira , João Adolfo Hansen, Paulo Arantes.

Quando
não há compreendimento nem mesmo do que está
sendo negociado nem mesmo os reflexos de tal, fica inviável uma
solução, esperaramos que a Reitora entenda o
significado do termo indicativo e o que ele representa para todos nós
.

Comissão
de Negociação – Reitoria Ocupada

São
Paulo, 20 junho de 2007

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