A pífia organização e mobilização da direita

No dia 06/06 um grande ato, encabeçado pela linha dura ideológia da Universidade de São Paulo, estava marcado: “Ato contra a greve e contra a ocupação”. O argumento, simples de se entender, as assembléias gerais dos alunos, assembléias da ADUSP e do SINTUSP não representariam suas bases por ter uma representatividade muito baixa. Assim sendo, o movimento de greve e a Reitoria Ocupada seriam ilegítimos.

Entretanto, o grande ato foi pífio. Após um período de espera, o ato atingiu aproximadamente 150 integrantes. Frente a este problema, a organização desistiu de protestar em frente à Reitoria ocupada, foram apenas, até a famosa Praça do Relógio, onde nem mesmo conseguiram dar um abraço simbólico ao relógio. Cantaram o Hino Nacional.

Já na reitoria, ocorreu efetivamente um “abraço à reitoria”. Com número de participantes maior, contava com estudantes, professores e funcionários da USP, UNESP e da UNICAMP, estudantes secundaristas e Movimento dos Sem Universidade. Após o ato, manteve-se a programação na reitoria: o encontro das estaduais, incorporado pelos estudantes secundariastas, fizeram Grupos de Discussão (GDs) e Grupos de Trabalho (GTs).

O que tal acontecimento significa?

Ora, se os contrários à ocupação não consegue organizar nem um único ato que, segundo eles, representa a vontade da maioria, será que é de fato a vontade da maioria que está em questão ou o projeto totalitário de poucos?

A Reitoria Ocupada é o marco de uma luta que ultrapassa a greve. Discussões frutíferas sobre projetos de educação, direitos democráticos, formas de organização social, cidadania, fazem parte do nosso cotidiano.

É um movimento organizado que atinge sim suas bases, pois, por elas foi chamado. O Movimento Estudantil de hoje, ao contrário de poucos anos atrás, não se faz a partir de lideranças, sendo sim construído pelas bases.

A direita, por outro lado, tenta liderar os alunos e funcionários. Muitas vezes coagem os primeiros e ameaçam os segundos que, infelizmente, mantém-se encabeçados pelo senso comum. Mas, como todo ato de liderança que não representa as bases, demonstra-se inviável. Os estudantes, assim como demais setores, hoje, sabem qual é o projeto do Estado, qual é o projeto da Reitoria, qual é o projeto da Direita. E se recusam a colaborar com tal projeto.

Tal desordem é sintoma do afastamento em relação aos movimentos organizados e, aos membros críticos da sociedade. É um sintoma da perda da hegemonia que possuia outrora, afastados de suas bases, enquanto os movimentos de esquerda se aproximam cada dia mais.

This entry was posted in Comunicado. Bookmark the permalink.

3 Responses to A pífia organização e mobilização da direita

  1. L. L. says:

    Só um detalhe esqueceu de dizer dos companheiros da FATEC

  2. UNIDOS says:

    VAMOS MANTER UNIDOS! ALEM DOS DECRETOS…

    FORA LULA! ESTA ACABANDO COM AS FEDERAIS!

    FORA SERRA ACABANDO COM A USP!

    QUEREMOS SABER…

    SILVINHO DA PAJEIRO (SECRETARIO DE PT)
    DELUBIO SOARES (SECRETARIO DO PT)
    MARCOS VALERIO (FIADOR DO PT)
    ZE DIRCEU (CORRUPTOR)
    ZE GENUINO (CORRUPTOR)

    FHC FACISTA!

    LULA, FALE SOBRE OS DECRETOS, SEU COVARDE!

  3. João Pedro de Sá says:

    Faço minhas as palavras de Vinícius de Moraes. Poderia ter sido escrita aos “anti-ocupação” que dizem ser “baderneiro” ou “violento” ou “autoritário” o maior gesto de ORGANIZAÇÃO, DEFESA DE VALORES e COLETIVIDADE de que o Movimento Estudantil já ouviu falar em muitos anos.

    VIVA A OCUPAÇÃO DA USP! VIVA O MOVIMENTO EM MOVIMENTO VIVO!

    Carta aos puros ( Vinícius de Moraes )

    Ó vós, homens sem sol, que vos dizeis os Puros
    E em cujos olhos queima um lento fogo frio
    Vós de nervos de nylon e de músculos duros
    Capazes de não rir durante anos a fio.

    Ó vós, homens sem sal, em cujos corpos tensos
    Corre um sangue incolor, da cor alva dos lírios
    Vós que almejais na carne o estigma dos martírios
    E desejais ser fuzilados sem o lenço.

    Ó vós, homens iluminados a néon
    Seres extraordinariamente rarefeitos
    Vós que vos bem-amais e vos julgais perfeitos
    E vos ciliciais à idéia do que é bom.

    Ó vós, a quem os bons amam chamar de os Puros
    E vos julgais os portadores da verdade
    Quando nada mais sois, à luz da realidade,
    Que os súcubos dos sentimentos mais escuros.

    Ó vós que só viveis nos vórtices da morte
    E vos enclausurais no instinto que vos ceva
    Vós que vedes na luz o antônimo da treva
    E acreditais que o amor é o túmulo do forte.

    Ó vós que pedis pouco à vida que dá muito
    E erigis a esperança em bandeira aguerrida
    Sem saber que a esperança é um simples dom da vida
    E tanto mais porque é um dom público e gratuito.

    Ó vós que vos negais à escuridão dos bares
    Onde o homem que ama oculta o seu segredo
    Vós que viveis a mastigar os maxilares
    E temeis a mulher e a noite, e dormis cedo.

    Ó vós, os curiais; ó vós, os ressentidos
    Que tudo equacionais em termos de conflito
    E não sabeis pedir sem ter recurso ao grito
    E não sabeis vencer se não houver vencidos.

    Ó vós que vos comprais com a esmola feita aos pobres
    Que vos dão Deus de graça em troca de alguns restos
    E maiusculizais os sentimentos nobres
    E gostais de dizer que sois homens honestos.

    Ó vós, falsos Catões, chichisbéus de mulheres
    Que só articulais para emitir conceitos
    E pensais que o credor tem todos os direitos
    E o pobre devedor tem todos os deveres.

    Ó vós que desprezais a mulher e o poeta
    Em nome de vossa vã sabedoria
    Vós que tudo comeis mas viveis de dieta
    E achais que o bem do alheio é a melhor iguaria.

    Ó vós, homens da sigla; ó vós, homens da cifra
    Falsos chimangos, calabares, sinecuros
    Tende cuidado porque a Esfinge vos decifra…
    E eis que é chegada a vez dos verdadeiros puros.

Comments are closed.