De rabo preso com o leitor A predisposição em desqualificar o movimento de ocupação também transparece na matéria "Estudantes ocupam reitoria da USP" , veiculada pelo Último Segundo, do IG, às 19h49 do dia 3, que destaca em seu lide a ocorrência de uma depredação jamais ocorrida: "Cerca de 300 estudantes ocuparam e depredaram a sede da reitoria da Universidade de São Paulo entre a tarde e a noite desta quinta-feira". A edição impressa de sexta-feira (4) da Folha explicita a mesma intenção na matéria "Estudantes invadem gabinete da reitoria da USP" ao dar atenção especial para um fato de relevância jornalística duvidosa, mas de grande significância: "Um dos estudantes que não queriam deixá-la entrar [a pró-reitora de pesquisa as USP, Mayana Zatz] estava de chinelo e bermuda". Não foi diferente o caráter que o portal G1 deu ao acontecimento: o desencontro de informações também se faz presente na cobertura do sítio noticioso das Organizações Globo. Na matéria "USP: ocupação segue até o fim de semana" , publicada no dia 4, às 20h55, uma das reivindicações dos ocupantes, que aparece na declaração de uma estudante, é reproduzida de modo equivocado: "Um dos pontos principais que queremos é o repúdio aos decretos do governador José Serra". Mesmo antes da ocupação, a requisição do movimento estudantil sempre foi no sentido de exigir um posicionamento público da reitoria quanto aos decretos do governador José Serra, fosse ela favorável ou não a eles. No texto "Alunos criam sua própria 'Virada Cultural' durante ocupação na USP" , publicado no mesmo portal, às 04h56 do dia seguinte, a fala da estudante aparece retificada: "Um dos pontos principais que queremos é uma posição da USP sobre os decretos do governador José Serra". Mas o portal voltou ao erro inicial com a notícia "Alunos e reitoria da USP marcam novo encontro para discutir ocupação" , publicada às 15h00 do mesmo dia, na qual aparece novamente, logo no subtítulo, a reivindicação distorcida: "Alunos querem que a universidade se oponha a decretos do governo". Em virtude dos abundantes exemplos de mau uso do material jornalístico, os ocupantes o prédio decidiram vetar a entrada de jornalistas já na noite do dia 3. A intermediação com a imprensa é feita pela Comissão de Comunicação, que abrange uma equipe de voluntários que produz internamente todo o material a ser distribuído e faz a atualização on-line da ocupação pelo blogue do movimento. Já foram mais de dez mil acessos à página, que conta com informações sobre a ocupação, fotos e entrevistas. Há ainda uma emissora de rádio via internet (Rádio da Ocupação FM – 106.7 MHz). Importante ressaltar, ainda, que as pautas apresentadas em nossas ações midiáticas apontam para um cenário de mobilização bastante anterior à ocupação. Problemas de infra-estrutura física e docente na USP, por exemplo, são assuntos recorrentes e de fácil acesso à imprensa. Nessa perspectiva, os equívocos ou omissões na cobertura sobre as demandas de Universidade apresentados pela mídia são sintomáticos do desinteresse dos principais veículos de comunicação em pautar e acompanhar qualitativamente as condições da educação pública paulista.
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