Professora das estaduais paulistas se manifesta publicamente sobre os decretos. A Ocupação da reitoria da USP espera que a iniciativa se espalhe entre a classe docente. Maria Sylvia Carvalho Franco, professora titular de Filosofia da USP e da Unicamp, em artigo publicado neste domingo (05) no caderno Mais! da Folha de S.Paulo, avaliou as mudanças empreendidas pelo governo estadual. A professora disse que o teor político do decreto que vincula o orçamento das universidades públicas de São Paulo ao Siafem/SP é "excluir a gestão financeira privativa das universidades e aliená-la à administração direta do Estado, dinamizando recursos para acréscimo de poder". Em detrimento do ensino público, a gestão Serra acredita que "é útil atender ao 'pujante setor' das universidades privadas, fonte de votos".O governo Serra, com claras intenções políticas, concede benefícios às instituições particulares, uma forma de mostrar preocupação com o ensino superior como um todo. Maria Sylvia se mostra preocupada. Para ela, tal procedimento abre caminho para um encaminhamento mercadológico da educação: "A interface do governo Serra/universidade é definida pelo desenvolvimento industrial, em uníssono com Fiesp e CNI, fortes agrupamentos políticos". Mas a professora alerta que a pesquisa operacional (voltadas para atender as demandas do mercado) não traz benefícios à sociedade: "No alvoroço reformista-empresarial de espelhar nossas instituições no padrão genérico 'de todo o mundo', advirta-se que o investimento público, motor de lucro às firmas, é a fundo perdido".O compromisso do governo de prover pesquisas operacionais cerceia a liberdade e a iniciativa dos estudantes, corroborando para o controle da propriedade intelectual produzida nas universidades estaduais paulistas."Via fundações, as universidades públicas privatizam-se, mediante convênios, suplementos salariais e cursos pagos". Fato consumado na USP, onde diretores de Unidades integram até mesmo Conselhos Curadores de fundações privadas, em situação flagrante de conflito de interesses.A Ocupação da Reitoria da USP reitera sua posição contrária ao autoritarismo dos decretos do Serra, contra uma universidade mercadológica, e a favor da educação gratuita e de qualidade para todos e todas, que depende eminentemente de autonomia. O movimento de Ocupação conta com mais manifestações que fortaleçam este ato político, e que afrontem as medidas precarizadoras do ensino impostas pelo governo.
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