REUNIÃO DA COMISSÃO
DE COMUNICAÇÃO
19 HORAS, HOJE
REUNIÃO DA COMISSÃO
DE COMUNICAÇÃO
19 HORAS, HOJE
Em defesa da escola pública
Fernanda Sposito[1]
Eficiência do privado é ilusão
Vivemos um momento histórico em que a defesa das instituições privadas tem uma força enorme. Apoiando-se numa dita falência do Estado, que não conseguiria atender a sociedade na prestação de serviços, direitos inalienáveis dos cidadãos (como saúde, educação e moradia, por exemplo), muitas pessoas acreditam que a gestão privada destes serviços significaria o atendimento pleno à população. Isso porque, argumentam os privatistas, a telefonia e as rodovias no Estado de São Paulo, por exemplo, depois de privatizadas, apresentaram uma melhora significativa, seja no nível de serviço prestado, seja na ampliação do número de pessoas atendidas.
A despeito dessas propaladas evidências, pretendemos mostrar com esse artigo que esses fatos são questionáveis, pois ao lado desta ilusória melhoria, tivemos um aumento das desigualdades sociais. O que isso significa?
No exemplo citado acima, as estradas se tornaram mais seguras e bem assistidas para aqueles que têm um nível de renda apto a pagarem para circular por ela. O irônico deste negócio é que o cidadão que tem condições de pagar os pedágios das rodovias é iludido, pois paga duas vezes pelo mesmo serviço, já que contribui com uma série de impostos que se destinam à construção e manutenção destas mesmas estradas.
Dentro dessa lógica, o serviço de telefonia, a despeito de sua dita democratização de acesso (o que seria, por si só, bem-vinda), demonstra abusos em várias instâncias na sua prestação, basta constatar o aumento exponencial no preço da assinatura mensal e das tarifas e o atendimento ineficiente e lesivo ao consumidor, haja vista que as operadoras de telefonia no nível nacional, todas privadas, são líderes em reclamação no PROCON.[2]
O que se vê através destes dois casos é que o que está em jogo jamais é o interesse público, coletivo, cidadão, mas uma lógica empresarial, que visa o lucro e atende ao mercado.
Decretos inconstitucionais
Com bases nestes fatos, sem procurar uma neutralidade jornalística (o que é impossível), reforçamos nossa posição, colocada desde o título deste artigo, pela defesa da escola pública. Dizemos isso porque não compramos o discurso da eficácia liberal, além de acreditarmos filosófica, ética e socialmente que a “educação não é mercadoria”, como gritavam os manifestantes que foram às ruas em 23 de maio de 2007.
Nesta data, cerca de 500 estudantes, funcionários e professores, enfim, cidadãos, que fazem parte do Centro Paula Souza, paralisaram suas atividades para se manifestarem contra as medidas tomadas pelo atual governador do Estado de São Paulo, José Serra. Os manifestantes reuniram-se em frente à entidade, cita à avenida Tiradentes, 615, bairro da Luz, cidade de São Paulo, onde também funcionam a FATEC e a ETESP. (Note-se que sobre tal fato não saiu uma nota sequer na imprensa. Por que será?)
O Centro Estadual de Ensino e Tecnologia Paula Souza (CEETEPS), é uma autarquia do Estado, fundada em 1969, vinculada à Universidade Estadual Paulista (UNESP) desde 1976 e vem, ao longo dos últimos anos, resistindo aos modelos de privatização dos serviços públicos, implementados no Brasil desde a década de 1990. Neste ano, com o início da gestão do novo governador, mais uma vez essa ameaça paira. Os fatídicos decretos implementados por Serra têm mantido alertas tanto pessoas da comunidade afetada diretamente, quanto da sociedade como um todo, para os possíveis desdobramentos de suas deliberações.[3]
A análise do professor da Faculdade de Direito da USP, o jurista Dalmo Dallari, notório defensor de uma sociedade democrática e igualitária, permite-nos informar que não é alarmismo o receio da privatização do ensino na rede pública É uma intenção clara, com práticas de desmonte da estrutura administrativa do ensino público.
Na realidade, a análise jurídica dos referidos decretos leva à conclusão de que existem ali algumas evidentes inconstitucionalidades, havendo mesmo, em alguns pontos, uma tentativa de mascarar a realidade, por meio de uma espécie de ilusionismo jurídico, que, no entanto, não resiste a um exame mais atento, mesmo que baseado apenas no bom senso e na lógica. Bastaria observar que no dia 1º de janeiro de 2007 o novo Governador já emitiu extensos decretos, eliminando e criando Secretarias na organização administrativa superior do Estado, para tanto exercendo atribuições que não são do Executivo, mas da Assembléia Legislativa do Estado. É oportuno lembrar que o decreto é ato administrativo, que o Chefe do Executivo pode praticar para fixar regras de caráter regulamentar, mas que só têm validade e força jurídica se não contrariarem qualquer dispositivo da Constituição ou de alguma lei. E isso não foi observado. [4]
Cabe informar que o ponto culminante para os destinos do Paula Souza foi sua desvinculação à UNESP, através do decreto 51.460, de 1º de janeiro deste ano (conforme enunciado na nota n.º 3) que agregou as universidades públicas paulistas na recém-criada Secretaria do Ensino Superior (nas quais se inclui a UNESP), e deixou o CEETEPS, com suas ETE´s e FATEC´s na nova Secretaria do Desenvolvimento, junto com a FAPESP, o IPEN e o IPT, instituições de fomento à pesquisa e à tecnologia no Estado de São Paulo.
Se o receio de que a separação da UNESP abriria caminho para transformar o Centro em outra coisa que não ensino público, o anúncio dessa medida, por si só, serviria para manter os mais informados e sensíveis de cabelos em pé. Para piorar a situação, as medidas que foram tomadas na seqüência e os possíveis desdobramentos desses passos tornam o quadro ainda mais amedrontador.
E o Centro Paula Souza, como fica?
Em matéria publicada no jornal do Sindicato dos funcionários e professores do Centro Paula Souza, o Sinteps (“A reestruturação do Ceeteps em debate”) faz-se uma discussão mais detalhada dos riscos das medidas em curso. [5] Assim, ficamos sabendo que a separação do Centro das universidades públicas de São Paulo, abre a possibilidade para retirar dele a condição de autarquia de regime especial (ao qual se enquadram as três universidades estaduais, mais o Centro), para transformá-lo numa fundação, como indicou um documento publicado em 2005 no âmbito do Paula Souza, denominado “Elementos para o Planejamento do Ensino Técnico e Tecnológico do Estado de São Paulo”, de autoria de João Ciro André.
Seguindo as informações fornecidas pelo jornal do Sinteps, tomamos ciência que o governo federal, através do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, publicou um documento em janeiro deste ano, estabelecendo as diretrizes para o funcionamento das fundações (“Fundação Estatal – Principais Aspectos”). O sentido de seu conteúdo é indiscutível:
O poder público poderá instituir fundações estatais com personalidade de direito privado para desenvolvimento de atividades que não tenham fins lucrativos (…) em áreas como educação.[6]
Restam as dúvidas. Como serão geridas estas fundações? O Estado responderá por elas? De onde virão suas rendas?
Mais à frente, o próprio documento responde: “A fundação estatal não tem assegurado recursos para o seu funcionamento, nos orçamentos fiscais e de seguridade social, como ocorre com os entes de direito público instituídos pelo Estado, inclusive no que tange à folha de pessoal. A fundação estatal arca com o ônus de sua própria folha de pagamento”.
Sim, as palavras são claras, dá para entender que o Estado não colocaria mais dinheiro para pagar os funcionários dessas fundações. Será muito difícil prever de onde virão as verbas? “As receitas da entidade compõem-se pelas rendas que auferir pela prestação de serviços e pelo desenvolvimento de suas atividades, bem como por doações, conforme dispuser a lei autorizativa de sua criação e respectivo estatuto.” [7]
Não nos precipitemos na análise: o Centro Paula Souza ainda não foi transformado em fundação. Se isso ocorrer, quando ocorrer, o estatuto que definir o Paula Souza como fundação estatal, esclarecerá melhor as normas de seu funcionamento. Mas uma coisa é certa e não precisa ser especialista em Direito para entender, basta ser alfabetizado: “rendas que auferir pela prestação de serviços” como receita é, nada mais, nada menos, do que a privatização dos serviços prestados. Sejamos óbvios. Qual são os serviços prestados por uma instituição de ensino? Quem conseguiu matar a charada que cobrança de mensalidade para cobrir custos com folha de pagamento e funcionamento da fundação é igual ensino privado, percebeu que o problema que enfrentamos não é pequeno e as medidas que vêm sendo implementadas têm um sentido claro.
Vamos reconstruir os últimos passos, que são feitos em surdina, sem alarde, nem esclarecimentos. São no mínimo curiosas as palavras do próprio Centro, disponíveis em no sítio oficial, que, aliás, omite várias informações, como a de que um dia foi ou é vinculado à UNESP.
O Centro Paula Souza está vinculado à Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, órgão do governo estadual que tem por objetivo intensificar o desenvolvimento sustentável do Estado, estimular as vantagens competitivas das empresas e dos empreendedores paulistas, incorporar tecnologia aos produtos da região e fortalecer as condições para atração de investimentos no Estado. Também são vinculados à Secretaria de Desenvolvimento, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). [8]
Alguém viu qualquer menção ao ensino neste enunciado? Isso não é ocasional. Analisando esse dado em conjunto com uma série de outros (a desvinculação à UNESP, a mudança do nome de ETE´s – Escolas Técnicas Estaduais – para ETEC´s – Escolas Técnicas), temos comprovado o quadro indicado pelo Sindicato do Paula Souza de que a tendência futura é transformá-la em fundação, retirando-lhe o seu caráter de autarquia.
A respeito da alteração do nome das Escolas Técnicas que compõem o Centro, o mistério paira. Nenhuma instância administrativa presta esclarecimentos às indagações feitas. Por que o nome destas escolas deixa, de uma hora para outra, de ser ETE (Escola Técnica Estadual) para se tornar ETEC (Escola Técnica)? A retirada da palavra “Estadual” parece algo sintomático. Vem de encontro com as práticas e intenções do atual governador, como analisamos até aqui. Ninguém sabe esclarecer por que isso ocorreu, o que representa. O absurdo chega ao ponto de não haver nem mesmo um decreto que informe tal mudança. Isso não foi publicado sequer no Diário Oficial, segundo dizem secretários e diretores. Simplesmente a partir de agora somos ETEC´s. Os documentos oficiais já vêm com essa nomenclatura, o sítio do CEETEPS assim se refere às suas escolas.
É assim que funciona o sistema de desmonte do público: sem esclarecimentos, sem publicidade, muitas vezes, na ilegalidade. Aos poucos, o rumo das instituições do Estado vão mudando e ninguém nos atende, se não gritarmos, a exemplo do que fazem os estudantes da USP, na ocupação da Reitoria da Universidade, exigindo, como principal reivindicação, a revogação dos decretos de José Serra.
Ainda sobre o trecho citado acima, que nos traz ainda mais elementos: “tecnologia”, “empresas”, “empreendedores”, “atrair investidores para o Estado”. Que tipo de investidores? Certamente está-se se falando em atrelar o Centro diretamente ao mercado. Já não se fala mais nem em ensino, pois isso não cabe nos novos projetos para o Centro, já que o aprendizado pleno só possível através da educação pública (que é universal, democrática, de todos para todos).
Educação plena pressupõe, mais do que a transmissão de conhecimentos antigos, a produção de novos saberes, o posicionamento crítico e cidadão de educadores e educandos, já que todos fazem parte da relação ensino-aprendizagem. Produção de conhecimento, ensino crítico, dinâmico, respondendo aos anseios, às necessidades e às mazelas sociais, não combina com a lei do mercado, em que prevalece a tecnologia a serviço de empreendedores privados e investidores nocivos ao bem-estar social. Isso se dá porque estes agentes alheios à coisa pública, visam, sobretudo e acima de tudo, o lucro, vide o caso das operadoras de telefonia e das concessionárias das estradas, como citado no começo deste artigo.
Porque Educação só pode ser pública
Faço minhas as palavras de um defensor do ensino público:
Os hospitais já capitularam, as telecomunicações só à opa, a electricidade nem vê-la, a segurança social tornou-se muito insegura… falta a escola: é o próximo alvo a abater. Quase todos os dias se fala mal da escola pública. A direita esganiça-se toda para demonstrar que a escola que temos é um desperdício de recursos e que, ainda por cima, é incapaz de educar as nossas criancinhas. As elites nunca lá puseram os filhos. A classe média mais endinheirada faz tudo para se pôr em bicos de pés e prefere depositar os seus descendentes num colégio qualquer, desde que este se chame Coração de Jesus ou de Maria ou de José.
Alguma elite intelectual irrita-se com a generalização dos certificados que, segundo a sua opinião, certificam a estupidez. 'E para quê gastar-se tanto dinheiro para formar tanta estupidez?' 'Acabe-se de vez com isso!' 'Invista-se em bons liceus privados para as melhores famílias e deixemos o resto com os empresários e com os empregadores'. 'Esses é que são a boa escola para quem não pode, nem deve saber mais'.
A batalha contra a escola não é exclusiva da direita. Há uma certa esquerda que sempre revelou desdém e embirração pela escola. Criticam-na por reproduzir o establishment e ser um dos instrumentos de imposição da cultura burguesa. Consideram a escola um espaço que pouco incentiva a imaginação e a irreverência crítica. Procuram um modelo alternativo que nunca encontraram mas que dizem conhecer. Sem dar por isso, por pura distracção ou porque se estão mesmo nas tintas, acabam por dar uma ajudinha à campanha generalizada que pretende privatizar a escola.
É verdade que a escola lidou mal com a massificação. É verdade que a escola deveria promover mais a criação e menos a reprodução. A escola pública está em crise, é um facto. Mas há quem queira transformar essa crise no seu fim. A sua privatização representaria o definhar de um dos últimos pilares do Estado social. Por este motivo, considero que a luta pela escola pública ultrapassa a reivindicação de meros interesses corporativistas de uma profissão que vê perder a cada passo parte dos seus direitos ditos adquiridos. É mais do que isso, trata-se de uma luta ideológica entre dois modelos distintos de sociedade. E como tal não há volta a dar-lhe: ou se está contra a escola ou se está a favor, não há meias tintas! [9]
Como podem ter percebido os mais atentos, esse longo discurso proferido através de um blog na Internet em 2006 não está fazendo referência à situação brasileira. Seu autor está fazendo um apelo para que Portugal acorde para o descalabro em que anda a educação pública naquele país e não se renda às práticas e ao discurso privatistas, que aparecem como salvação a todos os males.
Segundo todos os dados apresentados ao longo deste artigo, parece-nos evidente que a estratégia dos grupos neoliberais que ocupam a cena política mundial, é tentar ao máximo destruir os serviços prestados pelas instituições públicas, a fim de que a gestão privada apareça como a solução possível e desejada. Através disso, torna-se possível brigar pela defesa de um “Estado mínimo”, que não deve arrecadar muito e gastar quase nada, já que sua gestão de serviços básicos é corrupta e ineficiente.
Esse discurso é ilusório, já que o Estado pode garantir qualidade na medida em que destina verbas suficientes, em que garante a plenitude do ato de aprender e ensinar, que gerencia o bem público com zelo, buscando o bem-estar social e o fim das desigualdades. A despeito do Estado brasileiro (nos níveis federais, estaduais e municipais) ainda não conseguir desenvolver plenamente essa finalidade para o qual foi constituído, as instituições de ensino público, ainda são as melhores, como as Escolas Técnicas e as Universidades públicas o comprovam.
O ensino vendido como serviço prestado por empresa não é um conhecimento livre, é algo reservado, exclusivo daquele que pode pagar por isso. Esse ensino nunca será pleno, nunca será verdadeiro, pois não cumpre a função máxima do conhecimento que é a libertação (no sentido pleno da palavra) do cidadão e da sociedade. O ensino privado alimenta e perpetua a lógica do mercado.
Encerro com as palavras do professor Paulo Freire, que deve ser livro de cabeceira de todos os professores do mundo, que talvez não percebam, ainda, que também são educadores:
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o que. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem e da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica, dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou essa aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. [10]
☻
[1] Egressa do ensino público, da pré-escola à pós-graduação, sou historiadora, professora dos ensinos médio e técnico da Escola Técnica Estadual de São Paulo (ETESP), do Centro Estadual de Ensino e Tecnologia Paula Souza (CEETEPS) e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP).
[2] Dados disponíveis no sítio http://www.procon.sp.gov.br/
Colocação |
Nome da Empresa |
Reclamações |
1º |
Telefonica (Telecomunicações de São Paulo S/A) |
2.262 |
2º |
Vivo (Telesp Celular S/A) |
1.076 |
3º |
Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações S/A) |
916 |
4º |
Parque Aquático do Gugu (Fantasy Acqua Club Emp. Turísticos LTDA) |
829 |
5º |
Claro (BCP S/A) |
534 |
“A campeã de reclamações de 2006, Telefonica, teve um crescimento de 349% nas reclamações fundamentadas em relação ao ano passado. Em 1998, 1999, 2000 e 2001, a empresa já havia encabeçado a lista. Em 2004, no entanto, ocorreu uma mudança de critério que fez com que a empresa, apesar de em números absolutos ter sido a mais reclamada, ficar na 32º posição (o critério utilizado naquele ano foi o de empresas que menos atenderam as solicitações do consumidor).”
[3] “Decretos do governador José Serra – o ‘mapa da destruição’: 51.460 (1°/01/07). Dispõe sobre as alterações de denominação e transferências que especifica, define a organização básica da Administração Direta e suas entidades vinculadas e dá providências correlatas. Fragmenta ainda mais a área educacional: a educação básica fica na Secretaria da Educação; o Centro Paula Souza na Secretaria de Desenvolvimento, desmembrado da Unesp; e as universidades estaduais na Secretaria de Ensino Superior (recém criada). A FAPESP fica na Secretaria de Desenvolvimento. 51.461 (1°/01/07) Organiza a Secretaria de Ensino Superior e dá providências correlatas. Ataca a autonomia universitária; desconhece a pesquisa básica, privilegiando o “operacional”; ignora o tripé que caracteriza as universidades – Ensino/Pesquisa/Extensão; sequer prevê o financiamento das universidades e nem sua articulação com a educação básica. 51.471 (02/01/07) Dispõe sobre a admissão e a contratação de pessoal na Administração Direta e Indireta e dá providências correlatas. Veda, por tempo indeterminado, a admissão ou contratação de pessoal no âmbito do Estado, atividades agora ainda mais centralizadas no Executivo, via Secretaria de Gestão Pública. 51.636 (09/03/07) Fixa normas para a execução orçamentária e financeira do exercício de 2007 e dá providências correlatas. Obriga as universidades a ingressarem no Siafem/SP e autoriza a Secretaria da Fazenda a deduzir – das liberações financeiras do Tesouro do Estado – valores equivalentes às contribuições previdenciárias “patronais” não recolhidas pelas universidades (art. 12). Observação: este segundo item contraria acordo entre Executivo e Legislativo durante as discussões da LDO-2006 e da LDO-2007. 51.660 (14/03/07) Institui a Comissão de Política Salarial (CPS) e dá providências correlatas. Composição da CPS: Secretários da Fazenda, de Economia e Planejamento, de Gestão Pública, do Emprego e Relações do Trabalho e Procurador Geral do Estado. A CPS estabelece as diretrizes de política salarial e a Secretaria de Gestão Pública conduz as negociações salariais junto às entidades representativas dos servidores integrantes da Administração Direta e das Autarquias. Todas as reivindicações, instituições ou revisões de vantagens e benefícios serão analisadas previamente pela Unidade Central de Recursos Humanos da Secretaria de Gestão Pública.”
Fonte: http://www.adunesp.org.br/
[4] “Autonomia ameaçada”, texto de Dalmo Dallari disponível no blog da ocupação da reitoria pelos estudantes da USP http://ocupacaousp.noblogs.org/ . Este é um espaço importantíssimo de agregação e de divulgação de idéias em defesa da educação pública. Outro local que tem servido como contraponto às idéias distorcidas que aparecem na mídia é o sítio do jornalista Paulo Henrique Amorim http://conversa-afiada.ig.com.br/
[5] SINTEPS Jornal. N.º 49, Março de 2007. http://www.sinteps.org.br/jornal/49/jornal_1.pdf
[6] “A reestruturação do Ceeteps em debate”. In: SINTEPS Jornal. N.º 49, Março de 2007 – p. 9.
[7] Idem. Ibidem.
[8] http://www.ceeteps.br/ Acesso em 27/05/2007.
[9] Texto assinado por Renato Carmo e retirado do blog do autor e de Daniel Melo http://fugaparaavitoria.blogspot.com/2006/03/pela-defesa-da-escola-sou.html Última postagem em 28/12/2006.
[10]Paulo Freire. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 11ª ed. São Paulo, Paz e Terra, 1999 – p. 115.
Moção de Apoio de Zanon
A los compañeros y compañeras de la USP:
Desde Neuquen, Argentina, los obreros y obreras de Zanon Bajo Gestión Obrera y el Sindicato Ceramista de Neuquen, saludamos la lucha que vienen desplegando los estudiantes, docentes y trabajadores de la Universidad de San Pablo en defensa de la educación publica.
Repudiamos los ataques que vienen sufriendo por parte de las autoridades y el gobierno y las amenazas que enfrentan todos estos días.
El gobierno de Kirchner en la Argentina como el de Lula, mientras hacen discursos progresistas, atacan la educación publica aplicando los planes económicos de los grandes empresarios. Por eso consideramos fundamental para defender la Universidad publica la unidad de los obreros y estudiantes.
Les hacemos llegar nuestro saludo, nuestra solidaridad y nos ponemos a disposición de rodearlos de solidaridad en la lucha que vienen llevando adelante.
Obrer@s de Zanon Bajo Gestion Obrera – Sindicato Ceramista de Neuquen
Moção de Apoio de NPO Bristol University Student Council
Dear Students,
Just found a request on Education not for Sales website about your recent
attempts to stop privatisation of your university.
Creeping privatisation is something the capatilist leaders want everywhere
across the world, but there are also students everywhere across the world
who will fight to oppose it.
I hope the knowledge that there are many students hear that are fighting
for the same things as you, and we fully support your decision to occupy
the univeristy as direct action is often a great way to get success.
As a student movement we have the ability to unite with thousands of other
people who think the same thing, and together we can win.
Best of luck with your campaigning. I really hope you can defeat your
governemts attempts to privatise your university and it will act as sign
that important gains can be made against these attacks at our right to
study.
Luke Sinnick
NPO Bristol University Student Council
Treasurer Socialist Students Society
Moção de Apoio de Buenos Aires
Buenos Aires, 23 de mayo de 2007
A los estudiantes y funcionarios en huelga de la USP:
Reciban ustedes un fuerte saludo desde Buenos Aires, donde estamos siguiendo las circunstancias de la lucha que han emprendido contra los decretos del gobernador Serra, la rectoría y por la democratización de la universidad. Hoy, como en su momento lo fue la gran huelga con ocupación de predios de casi 10 meses de los estudiantes mexicanos de la UNAM en 1999 enfrentando los planes del Banco Mundial, su lucha es una suerte de caso testigo para las universidades públicas latinoamericanas.
En Argentina el reclamo de democratización universitaria que ustedes hoy sostienen, también viene cobrando fuerza desde el 2002, cuando lo iniciamos en la carrera de Sociología de la Universidad de Buenos Aires exigiendo la elección por voto directo e igualitario de docentes y estudiantes (según el criterio “una persona, un voto”) del director de carrera, proceso por el cuál llegúe a tal instancia hasta que nuestra carrera fue intervenida por la acción de los sectores conservadores de la universidad. Aunque en aquél momento sufrimos una derrota parcial sostuvimos que sólo estábamos viendo los primeros pasos de un reclamos que se iba a extender contra un sistema oligárquico de gobierno universitario. El año pasado, el reclamo se extendió a nivel de toda la UBA, donde las camarillas profesorales privatistas sólo pudieron imponer su rector sesionando bajo custodia policial en el Congreso Nacional, luego de ocho meses de bloqueos incesantes realizados por el movimiento estudiantil que reclamaba la realización de una asamblea estatuyente para cambiar los actuales estatutos antidemocráticos. Hoy el mismo planteo resuena en las universidades nacionales de La Plata, Córdoba, Comahue y Rosario. Sepan ustedes entonces que los reclamos que están sosteniendo son parte de una aspiración de transformación de las universidades de nuestro continente, de las cuales somo cada vez más estudiantes, docentes y trabajadores quienes cuestionamos el rol conformista con un estado de cosas cada vez más intolerable para la clase trabajadora y los sectores populares, mientas los grupos capitalistas siguen embolsando millones.
El año que viene se van a cumplir 90 años de lo que en Argentina se conoce con el nombre de Reforma Universitaria, la gran insurrección de los estudiantes de Córdoba que en 1918 enfrentó y terminó con el control del clero de las universidades públicas y expandió un grito de rebelión por toda América Latina. En este comienzo del siglo XXI, necesitamos una nueva Reforma, o mejor dicho, una verdadera revolución universitaria en toda América Latina, para poner nuestras universidades en función de los intereses y necesidades del pueblo trabajador.
Reciban un gran saludo de lucha,
Christian Castillo, Profesor Adjunto y ex director de la Carrera de Sociología, Facultad de Ciencias Sociales, UBA.
Pauta de Reivindicações dos Estudantes que ocupam a Reitoria da USP:
1. Aumento de verbas para a Educação Pública, os quais foram aprovados pela Assembléia Legislativa e, posteriormente, vetados pelo Governo do Estado de São Paulo (gestão Alckmin/ Lembo e mantida pelo Governo Serra). Que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2007 reponha os aumentos vetados pelo Executivo.
2. Revogação de todos os decretos impostos neste ano pelo Governador José Serra acerca da Educação no Estado (como os de nº. 51.460, 51.461, 51.471, 51.636, 51.660), os quais representam um forte retrocesso para a universidade pública na medida em que atacam explicitamente sua autonomia.
Tais determinações agridem não só a autonomia em relação à gestão financeira, mas também no que concerne a sua função máxima: o ensino e a pesquisa autônomos, livres de interesses mercadológicos e meramente instrumentais. Institucionalizam a separação do tripé ensino, pesquisa e extensão, dividindo ainda mais a articulação no interior da educação pública, priorizando cursos e pesquisas de cunho operacional, ou seja, orientadas explicitamente por uma lógica mercantil. Separam a Fapesp e o Centro Paula Souza (Fatecs e Etes) das Universidades, antes submetidas à Secretaria de Ciência e Tecnologia, agora seccionadas em Secretaria do Ensino Superior e Secretaria do Desenvolvimento. Por fim, suspendem a contratação autônoma de funcionários e professores, abrindo espaço para o acirramento do processo de terceirização e precarização do trabalho.
3. A democratização da Universidade: o Conselho Universitário aberto à participação de estudantes, funcionários e professores, com direito à voz e voto. Além da discussão de eleições diretas para Reitor.
4. Realização de uma audiência pública com a Reitoria onde sejam discutidos os decretos acima citados e seja expressa publicamente sua posição frente a eles. Tal posição deve ser divulgada em jornais e mídias de grande alcance, posto que tais resoluções referem-se diretamente à sociedade brasileira.
5. Contratação imediata de professores e funcionários, conforme as demandas a serem levantadas pela própria comunidade USP, através de comissões mistas locais (professores, funcionários e estudantes) a cada situação específica. Efetivação imediata daqueles contratados em regimes de trabalho precários e/ou terceirizados.
6. Liberação automática das vagas dos professores que se aposentam ou se desligam da Universidade.
7. Arquivamento do processo de modificação das regras de cancelamento de matrícula dos estudantes da USP, encaminhado pelo Conselho de Graduação para o Conselho Universitário.
8. Contratação de professores para atender às demandas advindas do processo de implementação de novas disciplinas de Licenciatura, regulamentadas pelo MEC em 2001 nos cursos da Universidade, em especial na Faculdade de Letras.
9. Construção de um novo prédio para Letras, FOFITO e das demais faculdades que apresentem necessidades, além da manutenção dos prédios da FFLCH e IME.
10. Formulação, em conjunto com os estudantes, de um projeto a longo prazo para a moradia estudantil em todos os campi da USP, os quais devem definir desde a estrutura física das moradias até a autonomia dos moradores sobre os espaços que utilizam. Nos casos de Ribeirão Preto e São Carlos: solução imediata referente à falta de vagas através da construção de novas moradias, não apenas em formas paliativas como o Auxílio Moradia.
Em relação ao campus Butantã exigimos:
I) A construção imediata de três novos blocos de moradia, totalizando 600 vagas, bem como a reforma dos blocos já existentes. Deverá ser garantida dotação orçamentária anual para política de permanência;
II) Garantia de moradia adequada para todos os estudantes alojados no CEPEUSP e no CRUSP;
III) Linha regular dos ônibus da cidade (SPtrans) circulando dentro da USP aos sábados, domingos e feriados, sem restrição de entrada destes. A não-terceirização dos Circulares da USP e o funcionamento destes ininterruptamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados, das 6h às 24h, com intervalo de 30 minutos;
IV) Alimentação aos sábados (jantar) e domingos (almoço e jantar) nos restaurantes universitários;
V) Os moradores não deverão ser expulsos da moradia enquanto possuam vínculo com a universidade;
VI) As colméias do CRUSP terão de ser imediatamente desocupadas, exceto o CINUSP, sendo o controle destas passado aos moradores para a criação de um espaço de vivência e alojamento provisório;
VII) Proibição de atividades esportivas ao redor das moradias estudantis que causem transtorno aos moradores ou que impeçam o deslocamento normal dos mesmos;
11. Os estudantes e funcionários devem ter acesso assegurado aos Planos de Meta de todos os cursos e departamentos da USP.
12. Nenhuma punição – sindicâncias ou demais processos administrativos e repressivos – contra os estudantes em relação à ocupação da Reitoria, a qual se deu devido à ausência do representante legal da Reitoria na audiência pública convocada no anfiteatro da geografia, e pelo impedimento da entrada dos estudantes no prédio em questão para a entrega de sua pauta de reivindicações no dia 03/05/2007.
13. Exigimos a total autonomia dos espaços ocupados e geridos pelos estudantes, ou seja, a liberdade de manifestação política (panfletagem, colagem de cartazes, etc.) e cultural (festas, festivais, etc.).
14. Retirada de todos os processos de sindicância administrativos e judiciais movidos ou em andamento contra os estudantes e funcionários da USP.
15. Lutas por ações afirmativas – mudança radical na concepção de Inclusp para garantir o acesso real de negros e pobres à universidade.
16. Retirada da polícia do interior do campus.
17. Reabertura do campus para todos, 24h por dia, tornando o espaço legitimamente público.
18. Convocação imediata de Estatuinte.
Pauta de reivindicações da ocupação – Unesp Rio Claro
ENDEREÇO DO BLOG DA OCUPAÇÃO DE RIO CLARO : http://www.ocupacaorioclaro.blogspot.com/
Nós, estudantes da Unesp de Rio Claro, ocupamos a partir do dia 24 de maio de 2007 as salas de aula do Bloco Didático I do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), conforme deliberado, de maneira democrática, por Assembléia Geral dos Estudantes, onde todos têm direito a voz e voto. Vimos, então, por meio desta tornar pública a nossa pauta de reivindicações:
1.Pela retirada da Secretária do Ensino Superior (decreto número 51.461) e dos demais decretos (de números 51.460, 51.471, 51.636 e 51.660) que ferem a autonomia universitária e evidenciam o processo de mercantilização do ensino.
2.Aumento do repasse das verbas do ICMS de 9,57% para 10,43%.
3.Contra todos os ataques ao funcionalismo público, entre eles o SPPREV.
4.Paridade de votos nos conselhos, congregações, demais órgãos colegiados e inclusive nas eleições para reitores.
5.Abrir concurso público para a contratação de professores para o campus em regime RDIDP (Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa) de acordo com a demanda de cada departamento.
6.Aumento imediato do número de bolsas BAAE de acordo com a demanda.
7.Aumento do repasse percentual de verbas para os projetos de extensão, já que este é ponto integrante do tripé fundamental que sustenta a Universidade.
8.Reunião conjunta e aberta à toda população, até o dia 10 de junho de 2007, com o Reitor Marcos Macari e os diretores de Instituto, Amilton Ferreira e Sebastião Carvalho, para que possam esclarecer seus posicionamentos diante dos decretos anteriormente citados e discussão das pautas de reivindicação.
9.Contra a repressão aos estudantes do campus de Araraquara, uma vez que esta se caracteriza por uma perseguição política.
10.Apoio à ocupação da Reitoria da USP e da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e que nenhum estudante, funcionário ou professor sofra processo de repressão. Apoio, também, às possíveis mobilizações a favor da educação pública.
11.Manutenção dos espaços estudantis: ampliação da “Casinha de Madeira” (sede de CA’s do campus) e construção de sede para o Diretório Acadêmico e do Centro de Vivências.
12.Adequar a infra-estrutura do campus Bela Vista às necessidades criadas pela unificação dos campi de Rio Claro, dando atenção especial à biblioteca, que exige imediata ampliação. Assim como, a infra-estrutura do Restaurante Universitário e do Pólo Computacional, pois não há um planejamento a respeito dessas necessidades.
13.Exigimos um documento escrito e assinado pelos diretores dos Institutos garantindo nenhuma repressão aos participantes da ocupação, uma vez que estes estão engajados em uma luta legítima e democrática.
14.Autonomia estudantil para o uso da infra-estrutura dos equipamentos, como: data-show, anfiteatros, ônibus e do espaço do campus para a realização de eventos culturais e sociais.
15.Contra a presença da polícia, a implementação de catracas, câmeras e carteirinha de identificação na entrada do campus pois a Universidade é uma espaço público e deve ser aberta a todas as pessoas. Desta forma, exigimos que existam projetos reais para que todos possam usufruir de fato de estruturas como biblioteca, pólo computacional e restaurante universitário.
16.Incorporação, sem concurso público, dos funcionários já terceirizados. Pelo fim da terceirização na UNESP.
17.Pela manutenção das casas de aluguel até o final da construção do terceiro bloco da moradia.
Ocupação Unesp Rio Claro
27 de maio de 2007.
A assembléia dos docentes da Unesp Rio Claro ocorreu hoje, e aprovou greve com a seguinte pauta:
– Contra a Secretaria de Ensino Superior
– Abaixos os decretos do governador Serra
– Contra os ataques do funcionalismo público em especial o SPPREV
– Contra o reajuste salarial proposto pelo CRUESP em defesa da proposta do Fórum das Seis
Usp, Unesp, Fatec e Unicamp, na luta professor, funcionário e estudante!