Educafro ocupa a reitoria da USP
Nunca a universidade pública sofreu um ataque tão cruel por parte do governo do estado. Frente a isso, os estudantes da USP responderam com uma ocupação histórica no prédio da Reitoria, onde estão há 26 dias resistindo com o apoio de professores e funcionários, inclusive sob ameaça de “reintegração de posse”, que talvez possa ser violenta. É assim que funciona? Cadê a liberdade de expressão e o racionalismo que regem a universidade?
A falta de diálogo por parte da reitora Sueli Vilela demonstra apenas o que o povo negro e pobre já vem sentindo na pele por muitos anos: o não ser ouvido por quem está no poder e deveria nos representar.
Pela demonstração de luta, força e coragem dada nessa ocupação, a Educafro (Educação e Cidadania para Afrodescendentes e Carentes) vem manifestar seu apoio na tentativa de unificar a luta em defesa da educação, pois acredita que a inclusão de negros e pobres deve estar entre as primeiras reivindicações na pauta.
Por isso, hoje, 29.05.2007, ocupamos a reitoria, símbolo da burocracia universitária que nos priva do acesso ao ensino de qualidade que nos é de direito, tentando nos calar com políticas insuficientes como é o caso do Inclusp, que na verdade não inclui ninguém.
Viemos aqui para dizer não à repressão, não ao sucateamento da universidade pública e sim para a inclusão. Todo apoio aos guerreiros e guerreiras que mantém essa já vitoriosa ocupação.
Inclusão, a hora é agora, ocupação fazendo história!…cotas já!
Família Educafro, 29 de maio de 2007
Marcelo,
Um vestibular em particular pode ser fechado, mas nenhum é igual ao outro, a FUVEST é diferente da VUNESP, que é diferente da UNICAMP. Vc pode se preparar melhor para um deles, e isso não implica, necessariamente, em fazer um cursinho. Acho que qualquer um que estudar, for capacitado e se dedicar pode passar no vestibular sem precisar de cotas. O que ocorre é que a maioria dos alunos da rede pública nem tenta entrar.
Olhe, por exemplo, as estatísticas da FUVEST de 2007; dos inscritos somente 35,9% são provenientes da rede pública, sendo que pelo INEP 2006 os estudantes da rede pública de SP correspondem a 86% dos estudantes do ensino médio. Acredito que essa diferença entre inscritos se deve pelo incentivo dado aos alunos das escolas particulares para tentar entrar nas universidades públicas. Ou seja, o que precisa mesmo é incentivar os alunos das escolas públicas a estudar e tentar entrar nas universidades públicas, não colocar as pessoas na universidade antes delas estarem preparadas, e o pior, tomando o lugar daquelas que tiverem melhor desempenho.
Além disso, o ensino público é que precisa melhorar, assim como o vestibular deve ser aperfeiçoado. No entanto, a partir do momento em que todos fazem a mesma prova, não vejo porque penalizar quem investiu nos estudos para passar naquelas provas específicas.
Links p/ as estatística da FUVEST e do INEP
http://www.fuvest.br/scr/qasen.asp?anofuv=2007&fase=3&carr=0000000TOT&quest=07&tipo=1&grupo=1
http://www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/resultados.htm
Ps. Veja também as estatísticas por cor de pele, elas mostram que a proporção dos inscritos negros e pardos é quase a mesma dos matriculados.
Tiago,
o vestibular é um teste fechado e limitado de avaliação. é um treino. cursos pré-vestibulares como etapa, anglo e objetivo já sacaram isso. tanto que treinam seus alunos desde as primeiras séries para esse tipo de teste. não passa quem é ‘crânio’, como disse o colega acima, mas quem está melhor treinado para isso. e pagando pré-vestibulares especializados nisso, sua chance é muito maior. mas esse desempenho não tem muito a ver com o desempenho no curso. e é por isso que os alunos cotistas vão bem em sua graduação. outra coisa, ação afirmativa não elimina provas e nem o fato de se escolher os mais preparados. só limita a competição entre formações bem diferentes uma da outra.
é isso.
Êta classe média racista !!! O Discurso continua o mesmo hein !!! E as práticas também. Parabéns aos guerreiros e guerreiras da OCUPAÇÂO AFIRMATIVA, que estão corajosamente atuando na Ocupação e garantindo que esta ação não se configure como só mais uma “brincadeirinha pequeno burguesa do movimento estudantil” !!!
Oi Márcio,
Que bom que estes alunos cotistas estão alcançando sucesso, acredito que uma parte deles nem precisaria da cota p/ entrar. No entanto alguns deles se utilizaram das cotas e tomaram lugar de alunos potencialmente mais qualificados para as vagas, e é justamente por essa discriminação que eu acredito as cotas não devem ser aplicadas.
Não, pelo contrário,
tenho certeza que “seu” dinheiro será bem investido. Gostaria de contribuir indicando o livro de Bowen e Bok. Nele estudos quantitativos sobre cotas produzido mostra que negros admitidos nas instituições mais seletivas do país tiveram sucesso indiscutível, tanto no que tange ao percentual de diplomados, quanto no que diz respeito ao acesso à pós-graduação e às profissões liberais de prestígio. Entretanto, a incorporação dos negros às instituições de grande qualidade foi importante não somente para esse grupo, mas também para o conjunto da sociedade pois, a diversidade trouxe benefícios educacionais para as instituições pela potencialização das reflexões acadêmicas e pela produção de um estoque mais amplo de indivíduos talentosos capazes de exercer funções importantes na vida local ou nacional.
(Brandão, A. A. “Nos Labirintos da Política de Cotas para Negros no Ensino Superior” SCIELO 2005)
(BOWEN, William G.; BOK, Derek.
O Curso do Rio: Um estudo sobre
ação afirmativa no acesso à universidade.
Rio de Janeiro: Garamond, 2004.)
Marcelo,
Concordo que o vestibular não é isento, não afirmei isso, mas, até um método de avaliação acadêmica mais eficiente surgir, ele é o melhor. E, ainda que falho, ele seleciona por mérito.
Numa universidade onde não há (e nunca haverá) vagas para todos que possuem capacidade de concluir os cursos, é necessário selecionar em quais alunos investir os recursos. E essa seleção é feita pelo desempenho dos alunos. Não adianta enfiar um monte de alunos pelas cotas se eles não são os melhores. Eu quero, como membro da sociedade que paga impostos, que as universidades públicas formem os melhores profissionais, e os alunos com melhor desempenho tem mais probabilidade de serem os melhores, independente da raça, cor ou classe social.
Alguns alunos da USP, assim como muitos professores da mesma universidade, além de demonstrar a prepotência de se considerarem ‘gênios’ e ‘iluminados’, demonstram também grande falta de conhecimento e de percepção da realidade brasileira. A seleção de vestibular que vcs tanto prezam não é isenta de problemas e criam diversos tipos de discriminações. Isso vc conclui facilmente apenas visualisando a maioria das salas de aula da USP. O vestibular é um sistema feito para reproduzir uma mesma elite que está aí a séculos. A defesa dessa situação é racista e elitista. Demonstro meu apoio a EDUCAFRO e a um sistema sério de inclusão de negros, indígenas e pobres na USP. Somente assim essa universidade será realmente pública.
Concordo 100% com ele. Esse negócio de cotas é a instituição do racismo. É o chamado racismo positivo, eu sou totalmente contra, o que deveria pesar no terceiro grau é a MERITOCRACIA. É simples assim, universidade é pra quem é crânio, independente se é preto, verde, amarelo, sem dente, com bafo, com chulé. Ponto parágrafo.
“O Brasil confundiu ensino universitário com inclusão social”, como diria o Reinaldo azevedo…
Olá Felipe,
Não critico o trabalho de apoio aos jovens marginalizados e carentes realizado pela Educafro, inclusive acho essas ações muito interessantes e construtivas. Mas sou totalmente contra a criação de qualquer tipo de cota. Acredito que numa universidade que preza a excelência, como a USP, os alunos devem ser selecionados somente por mérito acadêmico. Para melhorar o acesso de classes menos favorecidas o investimento deve ser realizado na educação básica desses grupos. Ou através de cursinhos gratuitos para aqueles que já passaram pela educação básica.
Qualquer seleção que leve em conta o critério de raça ou cor é racismo.
Tiago,
Talvez antes de ter uma opinião tão formada sobre as propostas da Educafro, nós convidamos você, e mais quem tiver disposto, para conhecer o trabalho que realizamos com os jovens marginalizados em São Paulo e em todo o país, na defesa e em parceira com esses que lutam diariamente para superar os obstáculas impostos por nossa sociedade. suas dificuldades.
http://www.educafro.org.br/
Era só o que faltava! Já estava uma confusão de reinvindicações, com questões internas e externas tudo misturado. Agora ainda vem esse pessoal da Educafro meter o bedelho na ocupação também!!!
Defender a cor da pele como critério p/ entrar na universidade é racismo!!