*Texto publicado originalmente no Observatória da Imprensa A cobertura sobre a ocupação da reitoria da USP Por Fábio Nassif (*) em 8/5/2007 (*) Em nome da Equipe de Comunicação da ocupação da reitoria da USP Ao iniciar a ocupação do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) (iniciada no dia 3, às 17h30), os estudantes-ocupantes organizaram-se em comissões: Alimentação, Comunicação, Limpeza e Segurança. Uma das primeiras a se constituir foi a de Comunicação, formada para o atendimento à imprensa no local. Hoje, dia 6 (0h53), podemos fazer uma primeira análise da cobertura da imprensa. Avaliamos o material publicado, especialmente na grande mídia, e acompanhamos, em campo, do trabalho de repórteres e fotógrafos. Início Quando a imprensa chegou ao local, a comissão de comunicação recebeu repórteres e fotógrafos, explicando o desencadear dos fatos, da mesma forma como foi divulgado em release para imprensa de todo o Estado de São Paulo. "Cerca de 350 estudantes da USP ocuparam às 17h do dia 3 de maio o gabinete da reitoria da universidade, reivindicando a revogação dos decretos 51.460, 51.461, 51.471, 51.636 e 51.660 do governador José Serra, que interferem na autonomia das universidades públicas. Entre as reivindicações estão: contratação de professores, melhoria da infra-estrutura da universidade e ampliação das vagas na moradia estudantil (este documento traz a íntegra das reivindicações). Os estudantes haviam convidado a reitora Suely Vilela para discutir os decretos e a autonomia em audiência pública, abertamente. No entanto, ela avisou que não compareceria e a reitoria confirmou presença de um representante. Na data marcada (16h do dia 3) ele não compareceu. Os estudantes decidiram caminhar à reitoria para apresentar ao vice-reitor sua pauta de reivindicações. A segurança do prédio tentou impedir a entrada dos estudantes, que decidiram ocupar o prédio para se fazer ouvir após meses de tentativa." Fotógrafos da Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo registraram imagens do interior do prédio ocupado. Alguns profissionais, entretanto, acharam desnecessária uma visita ao local, limitando-se a conversar com "fontes oficiais", como a assessoria de imprensa da Reitoria. Matéria do site Folha Online, publicada às 21h36 do dia 3, intitulada "Estudantes invadem reitoria da USP; móveis e portas foram destruídos" é resultado deste comportamento. A reportagem da Folha publicou apenas informações da assessoria de imprensa, apesar de não creditar todas as observações que faz ao órgão, parecendo observações da repórter. A matéria afirma que "os estudantes quebraram portas, móveis e expulsaram todos os funcionários do prédio, que tem cerca de mil servidores", e na seqüência coloca que "representantes dos alunos negam danos e afirmam que os móveis do local foram desmontados". Se repórter e fotógrafo tiveram oportunidades de verificar pessoalmente se houve ou não quebra do mobiliário da reitoria, torna-se infundado o desencontro das declarações. Da mesma forma, o jornal deixaria de incorrer em novo erro se a repórter tivesse se dado ao trabalho de verificar que a ocupação foi realizada no final de expediente, quando o prédio já estava esvaziado. A pequena parcela de funcionários que ainda se encontrava presente saiu sem que houvesse qualquer tipo de pressão por parte dos estudantes. Em português claro, significa que os manifestantes não "expulsaram mil funcionários do prédio". Jornalismo em tempo real Os portais de internet Universo Online (UOL) e Folha Online na noite de quinta-feira, 3, destacaram uma única foto da ocupação, apesar das muitas fotos tiradas por Marlene Bergamo, fotógrafa do jornal. A imagem escolhida foi a da fachada do prédio, acompanhada da seguinte legenda nos portais de notícia: "Reitoria da USP é ocupada e depredada durante protesto" . Aceitando que o valor-notícia de uma porta arrombada com os escombros do teto espalhados pelo chão é maior do que uma imagem de muitos estudantes sentados em roda discutindo a pauta de reivindicações do movimento, ressalta-se que a contextualização da imagem não foi feita devidamente. Ao chegar ao prédio, público e acessível a qualquer pessoa, os estudantes se depararam com uma porta fechada. Tentativas frustradas de diálogo com a Reitoria se acumularam desde o início do ano, culminando em um inevitável desgaste e, conseqüentemente, numa atitude extrema. Para ocupar o prédio, a porta teve de ser aberta, o que implicou uso de força, visto a recusa dos seguranças do prédio em abrirem a porta. Os alunos, não obstante, tentaram minimizar os danos desta entrada. Além disso, a ocupação do prédio levou os alunos a zelar pela integridade do prédio. Continua…
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